Espero que estejam gostando do curso...
Essa é nossa terceira aula da série “Como realizar uma metanálise: um guia prático passo a passo utilizando o software R e o RStudio”.
Em nossa terceira aula falaremos sobre três conceitos estatísticos fundamentais e necessários para qualquer análise estatística: Intervalo de Confiança, p-value e nível de significância.
Em breve, lançaremos mais cursos nessa “pegada”....
Agradeço demais pela interação de todos... e qualquer coisa, estou às ordens...
- Intervalo de Confiança (IC), p-value e nível de significância (α)
Quando realizamos um estudo clínico, é pouco provável que a magnitude real seja exatamente aquela encontrada no estudo. Isso acontece pela ocorrência natural de variações aleatórias inerentes ao pesquisador e/ou à situação de pesquisa. Ou seja, o valor de risco relativo encontrado pode ser, e normalmente é, maior ou menor que o valor verdadeiro. Por esse motivo é imprescindível uma medida da precisão estatística dos dados, o que permitirá ao leitor uma visão da confiança dos dados apresentados7.
O intervalo de confiança nada mais é do que uma faixa de valores possíveis para a magnitude real do efeito. Em estudos biomédicos clínicos, o intervalo de confiança mínimo aceitado é de 95%, tipicamente expresso como 95% IC. Ou seja, um estudo com 95% IC significa que se pegarmos um amostra aleatória e construirmos 100 intervalos de confianças, 95 conteriam o parâmetro real11.
Em termos de precisão, quanto mais estreito for o intervalo de confiança, maior será a precisão dos resultados. Entre os fatores que podem aumentar a precisão do intervalo de confiança, insere-se o tamanho da amostra, ou seja, quanto maior a amostra, maior a precisão12.
Os intervalos de confiança apresentam informações semelhantes àquelas oriundas do p-value (significância estatística). Se o valor de risco relativo 1 (efeitos iguais do grupo intervenção e controle) estiver presente entre o limite inferior e superior do intervalo de confiança, então o p-value será superior ou igual a 0,05 (diferença estatisticamente não-significativa). Entretanto, se o valor de risco relativo 1 não estiver dentro do intervalo de confiança interpolado pelos limites inferiores e superiores, então o p-value será inferior a 0,05 (diferença estatisticamente significativa).
O nível de significância, também denotado como alfa ou α, é a probabilidade de rejeição da hipótese nula quando ela é verdadeira. Por exemplo, um nível de significância de 0,05 indica um risco de 5% de concluir que existe uma diferença quando não há diferença real.
Abaixo segue um vídeo sobre nossa aula 03: Intervalo de Confiança (IC), p-value e nível de significância (α)
Espero que gostem. :)
- Referências
1. Sackett, D. L., Rosenberg, W. M. C., Gray, J. A. M., Haynes, R. B. & Richardson, W. S. Evidence based medicine: what it is and what it isn’t -- Sackett et al. 312 (7023): 71 -- bmj.com. BMJ (1996).
2. Rodrigues, C. L. & Ziegelmann, P. K. Metanálise: Um Guia Prático Meta-Analysis: a Practical Guide. Clin. Biomed. Res. (2010).
3. Santos, E. J. F. dos & Cunha, M. Interpretação Crítica Dos Resultados Estatísticos De Uma Meta-Análise?: Estratégias Metodológicas Critical Interpretation of Statistical Results of a Meta-Analysis?: Methodological Strategies. Millenium (2013).
4. Simpson, R. J. S. & Pearson, K. Report on certain enteric fever inoculation statistics. Br. Med. J. (1904). doi:10.1136/bmj.2.2288.1243
5. Glass, G. V. Primary, Secondary, and Meta-Analysis of Research. Educ. Res. (1976). doi:10.2307/1174772
6. Vaudreuil, N. J., Rothrauff, B. B., de Sa, D. & Musahl, V. The Pivot Shift: Current Experimental Methodology and Clinical Utility for Anterior Cruciate Ligament Rupture and Associated Injury. Current Reviews in Musculoskeletal Medicine (2019). doi:10.1007/s12178-019-09529-7
7. Fletcher, R. H., Fletcher, S. W. & Wagner, E. H. Epidemiologia clínica: elementos essenciais. in Epidemiologia clínica: elementos essenciais 281 (1996).
8. Hefti, E., Müller, W., Jakob, R. P. & Stäubli, H. U. Evaluation of knee ligament injuries with the IKDC form. Knee Surgery, Sport. Traumatol. Arthrosc. (1993). doi:10.1007/BF01560215
9. Silva, E., Coutinho, F. & Marcelo, G. Conceitos básicos de epidemiologia e estatística para a leitura de ensaios clínicos controlados Basic concepts in epidemiology and statistics for reading controlled clinical trials. Rev Bras Psiquiatr (2005).
10. Borenstein, M., Hedges, L. V, Higgins, J. P. T. & Rothstein, H. R. Introduction to meta-analysis. (John Wiley & Sons, 2011).
11. Lanska, D. J. Epidemiology and Biostatistics: An Introduction to Clinical Research. JAMA (2010). doi:10.1001/jama.2010.604
12. Jekel, J. F., Katz, D. L. & Elmore, J. G. Epidemiology, Biostatistics, and Preventive Medicine. In Pract. (2001).
13. Lau, J., Ioannidis, J. P. A. & Schmid, C. H. Summing up evidence: One answer is not always enough. Lancet(1998). doi:10.1016/S0140-6736(97)08468-7
14. Roever, L. Compreendendo os estudos de metanálise na pesquisa clínica. Rev Soc Bras Clin Med (2016).
Links:
Download do Script para o RStudio
Download da Planilha do Exemplo 1 (teste X)
Download da Planilha do Exemplo 2 (score W)
Download dos principais comandos de edição do Forest Plot no Rstudio
Artigo na Acta Ortopédica:
Links das Aulas:
Aula 02 - Variáveis (exemplos práticos)
Aula 03 - Intervalo de Confiança (IC), p-value e nível de significância
Aula 08 - Metanalisando estudos expressos como Diferença de Médias (MD)
Aula 09 - Criando o Forest Plot
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