O fêmur é o osso mais longo, volumoso e resistente do corpo humano. Localiza-se na coxa e está circundado pela maior massa muscular. O fêmur é anatomicamente dividido em 3 segmentos: Proximal (perto do quadril), Diáfise (meio da coxa) e Distal (perto do joelho).
O Fêmur Distal corresponde aproximadamente aos 10-15 centímetros finais do fêmur. O Fêmur distal se alarga para formar 2 os dois côndilos, medial e lateral. Eles são recobertos por cartilagem e se articulam com a patela e com a tíbia.
Todo ano, a cada 100.000 pessoas, cerca de 10 sofrem fratura do fêmur. Desses, 7% correspondem a fraturas do fêmur distal.
Qual a função do Fêmur Distal? O fêmur é o osso mais importante dos membros inferiores na sustentação do peso. Esse osso é tão forte, que, em atividades normais do dia a dia, ele suporta forças de 3 a 4 vezes a do peso do corpo. O Fêmur Distal faz parte da articulação do joelho, e muitas estruturas importantes se inserem nele, como ligamentos e tendões. Ou seja, além de ajudar no suporte do peso, o fêmur é fundamental para a realização de muitos movimentos, desde uma simples caminhada até um salto complexo.
Como ocorre a fratura do Fêmur Distal? São decorrentes de forças em varo (perna inclinada para dentro), valgo (perna inclinada para fora) ou grande rotação, associada com uma carga axial, que gera forças de cisalhamento ou compressão
No adulto, quase sempre são decorrentes de traumas de grande energia, geralmente resultantes de acidentes automobilísticos, lesão por arma de fogo ou queda de grandes alturas. Nas crianças, sempre se deve suspeitar de agressão. Já nos idosos, também merecem destaque as fraturas patológicas, que são aquelas que ocorrem devido a traumas banais, mas com o osso doente, como ocorre na osteoporose e nos tumores.
Quem tem maior risco de fraturar o Fêmur? Maior incidência em homens jovens entre 15 e 24 anos e nos idosos.
Quais os sintomas? Dor, edema (inchaço) e deformidade do joelho, além de incapacidade de apoiar o peso do corpo. A hemartrose (derrame articular) é um sinal bastante frequente. Já a presença de bolhas e a exposição óssea (fratura exposta) também podem estar presentes e inspiram maiores cuidados.
Se eu tiver uma fratura do Fêmur Distal, tenho chance de ter outras lesões associadas? Devido ao mecanismo da fratura do Fêmur Distal, é muito comum ocorrerem lesões associadas. Pode estar associada a fraturas do acetábulo, colo e diáfise do fêmur, platô e diáfise da tíbia. Lesões ligamentares do joelho ocorrem em 20% dos casos. Outras lesões possíveis são as nervosas e as arteriais.
Como é feito o diagnóstico? Além da historia clínica e do exame físico, a utilização de alguns exames de imagens auxilia no diagnóstico e no planejamento da conduta terapêutica. A radiografia (RX) é o exame mais acessível e o mais utilizado para essa finalidade. A tomografia é muito útil para uma melhor avaliação do padrão de fratura. Já a ressonância, menos utilizada nos casos de fratura, ajuda na suspeita de lesões de partes moles, meniscos e ligamentos. Arteriografia e angiotomografia são úteis nas suspeitas de lesão arterial.
Todas as fraturas são iguais ou existe alguma mais grave do que outras? As fraturas do Fêmur Distal diferem entre si em termos de gravidade. Dentre os principais parâmetros, 3 se destacam para dizermos quão mais grave é a fratura. São eles:
1- Fraturas expostas ou grave lesão de partes moles (pele, músculos, ligamentos, tendões etc);
2- Lesões associadas (como nos acidentes automobilísticos nos quais, além do fêmur, os pacientes fraturam múltiplos ossos);
3- Padrão da fratura.
Como o padrão da fratura é classificado? Apesar de cada fratura ser diferente de uma pessoa para a outra, muitas apresentam padrões semelhantes. Tais padrões permitem criarmos uma classificação que orienta os médicos na condução do tratamento. Existem muitas classificações, sendo a feita pelo grupo AO a mais conhecida, que basicamente divide as fraturas de acordo com a energia/mecanismo do trauma e de acordo com o “traço” de fratura.
Como é feito o tratamento? O tratamento pode ser de duas formas: conservador (sem cirurgia) ou cirúrgico. A escolha do tipo de tratamento vai depender principalmente da gravidade e de alguns parâmetros, como os que citamos acima. Contudo, são poucas as situações nas quais o tratamento sem cirurgia é indicado.
Como é feito o Tratamento Conservador? O tratamento conservador geralmente é indicado em fraturas com pouco desvio, fratura fechada, sem síndrome compartimental e sem lesão vascular. Geralmente, é limitado a adultos com alguma comorbidade que o impeça de se submeter à cirurgia. Outra indicação é nas crianças mais novas, geralmente abaixo dos 6 anos de idade. O tratamento conservador depende muito da cooperação do paciente e consiste basicamente no uso de órtese (na maioria das vezes feitas de gesso) e na restrições de carga.
Como é feito o Tratamento Cirúrgico? Na maioria dos casos, o tratamento é cirúrgico. A técnica a ser utilizada vai depender dos parâmetros de gravidades que já discutimos. Dependendo do tipo de fratura, pode ser necessária mais de uma cirurgia. Por exemplo, nas fraturas expostas e nas fechadas de alta energia, o fixador externo é uma conduta bastante útil no tratamento inicial. Nas situações de síndrome compartimental, é mandatória a realização de uma fasciotomia (procedimento para aliviar a pressão dentro da coxa). Nos casos de lesão vascular, o reparo da artéria deve ser realizado. Dentre as principais técnicas empregadas, estão a utilização de placas, fixadores externos e hastes.
Quais as possíveis complicações? Rigidez do joelho (joelho duro), infecção, síndrome compartimental, Pseudartrose (“osso não cola”), deformidade residual, necrose, Artrose (também conhecido como Osteoartrite), lesão neurovascular, Trombose, embolia, dentre outras.
Após a cirurgia, em quanto tempo retorno às minhas atividades? Logo após a cirurgia, o paciente já inicia a reabilitação fisioterápica. O plano de reabilitação é individualizado de paciente para paciente, pois depende da gravidade da fratura e das lesões associadas. Em média, o paciente, após a cirurgia, já pode mobilizar o joelho, todavia sem poder apoiar o membro fraturado no chão. Geralmente, a carga é liberada entre 8 a 12 semanas. Contudo, o retorno às atividades é muito variável, podendo ocorrer em 6 meses ou podendo demorar mais de 1 ano, nos casos graves.
Dr. Diego Ariel
Oi Penny, poxa, sinto muito que você esteja passando por isso. Vamos lá, essa dor e inchaço que você está sentindo após esforço, mesmo após um bom tempo da cirurgia, pode estar relacionado a algumas possíveis complicações. Uma das causas pode ser a "não consolidação" completa do osso, ou seja, o osso não ter "colado" direito. Isso gera inflamação na região e o corpo tenta proteger a área com inchaço, especialmente quando você força a perna. Outra possibilidade seria uma irritação ou afrouxamento dos parafusos e da placa, o que também causa dor e inchaço.
A medicação pode estar aliviando temporariamente, mas não resolve o problema em si, como você mesmo falou, ela só está mascarando. O ideal é que você volte ao seu ortopedista, talvez seja necessário fazer novos exames de imagem, como uma radiografia ou tomografia, para verificar se os ossos estão bem alinhados e se a fixação interna (placa e parafusos) está adequada.
Sobre a fisioterapia, ela realmente é muito importante, mas o excesso de esforço sem a recuperação correta pode piorar a situação, como no seu trabalho de servente de pedreiro, que exige bastante esforço físico. Dependendo do que o médico achar, pode ser até necessário rever a parte cirúrgica ou ajustar o tratamento.
Então, minha sugestão: procure seu ortopedista e insista em uma avaliação mais detalhada. E tenha calma... fisioterapia é fundamental, mas o que você precisa mesmo é uma boa avaliação pra ver se não tem mais nada errado com a cirurgia ou o osso.
Abraço! E qualquer coisa, estamos por aqui!
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