A Pelve, popularmente conhecida como bacia, é uma estrutura óssea que corresponde à transição entre o tronco e os membros inferiores. A bacia sustenta o tronco e possui uma cavidade de cada lado, conhecida como acetábulo, onde o fêmur (osso da coxa) se articula, o que nos permite manter a postura bípede e caminhar normalmente. A pelve tem fundamental importância na proteção dos órgãos localizados na cavidade pélvica, como útero, bexiga, reto, vasos sanguíneos e nervos.
O anel pélvico é formado pelo Sacro (seguimento final da coluna vertebral) e pelos dois Ossos Inominados. Cada osso Inominado é formado pela fusão de três ossos: o ilíaco, o ísquio e o púbis.
A incidência anual das fraturas da pelve, nos EUA, foi estimada em 37 casos a cada 100.000 pessoas. Muitas dessas fraturas apresentam lesões associadas, sendo a hemorragia em cerca de 75% dessas lesões. Ou seja, as fraturas da bacia são lesões preocupantes, uma vez que podem causar bastantes danos e até mesmo levar ao óbito. Em pacientes hemodinamicamente instáveis, a mortalidade pode chegar a 38% dos casos.
Como ocorre a fratura da bacia? A incidência em pacientes mais jovens é associada principalmente a mecanismos de alta energia, como acidentes automobilísticos ou quedas de grandes alturas. Em idosos, é mais comum como resultado de quedas e mecanismos de baixa energia. Em pessoas com menos de 35 anos de idade, os homens sofrem mais fraturas da pelve que as mulheres. Já em pessoas com mais de 35 anos de idade, as mulheres sofrem mais fraturas pélvicas que os homens.
Quais os sintomas? Como boa parte das lesões da bacia é decorrente de traumas de grande energia, muitos pacientes são levados ao pronto-socorro através de atendimento especializado, como o SAMU. Sempre devem ser pesquisadas lesões associadas, como lesões na cabeça, no tórax, no abdome e na coluna. Na bacia, a dor é o sintoma mais frequente. Geralmente o paciente não consegue ficar de pé. Podem estar presentes ainda hematomas, escoriações e feridas expostas. A saída de sangue pelo reto e/ou vagina podem estar presentes e significa que algum sangramento perigoso está em atividade.
Como é feito o diagnóstico? Além da história clínica e do exame físico, a utilização de alguns exames de imagens auxilia no diagnóstico e no planejamento da conduta terapêutica. A radiografia (RX) é o exame mais acessível e o mais utilizado para essa finalidade. A tomografia é útil para uma melhor avaliação do padrão de fratura. A ultrassonografia é útil para uma rápida avaliação se existe algum sangramento intra-abdominal.
Todas as fraturas são iguais ou existe alguma mais grave do que as outras? As fraturas da bacia diferem entre si em termos de gravidade. Dentre os principais parâmetros, 3 se destacam para dizermos quão mais grave é a fratura. São eles:
1- Padrão da fratura (bacia estável ou instável);
2- Condições clínicas do paciente (paciente estável ou instável);
3- Presença de lesões associadas, como sangramentos, lesões na cabeça, no tórax, no abdome, na coluna e nas geniturinárias.
Como o padrão da fratura é classificado? Apesar de cada fratura ser diferente de uma pessoa para a outra, muitas apresentam padrões semelhantes. Tais padrões permitem criarmos uma classificação que orienta os médicos na condução do tratamento. Existem muitos sistemas de classificações, como a de Young e Burgess (baseada no mecanismo de lesão), a de Tile (primeiro a classificar as fraturas em estáveis e instáveis) e a AO.
Como é feito o tratamento? O tratamento recomendado das fraturas da pelve varia de uma instituição para outra, destacando-se que essas são lesões de difícil tratamento. Basicamente, o tratamento pode ser de duas formas: conservador (sem cirurgia) ou cirúrgico. A escolha do tipo de tratamento vai depender principalmente da gravidade e de alguns parâmetros, como os que citamos acima.
Como é feito o Tratamento Conservador? O tratamento conservador é considerado quando o paciente e a pelve apresentam estabilidades, principalmente em fratura com pouco desvio e mínima abertura. O tratamento conservador depende muito da cooperação do paciente e consiste basicamente no repouso e na restrição de carga. Radiografias seriadas são necessárias após o início da mobilização para monitorar desvios subsequentes.
Como é feito o Tratamento Cirúrgico? Fraturas abertas e lesões viscerais têm indicação absoluta de cirurgia. Outras indicações são o desvio da fratura, a abertura, a deformidade rotacional e a dor intratável. A técnica a ser utilizada vai depender dos parâmetros de gravidades que já discutimos. Dentre as principais técnicas empregadas, estão a fixação externa, a fixação interna com utilização de placas e parafuso e, em alguns casos, até mesmo a artroplastia com prótese é necessária, como nas fraturas do acetábulo.
Quais as possíveis complicações? Infecção, Pseudartrose (“osso não cola”), perda da fixação, deformidade residual, Artrose (também conhecido como Osteoartrite), pesão neurovascular, Trombose, embolia, dentre outras.
Após a cirurgia, em quanto tempo retorno às minhas atividades? O retorno vai depender muito da gravidade da fratura, das lesões associadas e de qual técnica de tratamento foi utilizada. O retorno pode variar de 6 meses a 1 ano. Todavia, há casos mais graves e mais complexos os quais necessitam de mais tempo para a reabilitação completa.
Dr. Diego Ariel
Oi Julio, beleza? Essas fraturas na sínfise púbica podem ser complicadas, e o fixador externo é uma opção comum nesses casos.
Olha, complicações sempre podem acontecer, como infecções, dores persistentes ou problemas de consolidação do osso. Além disso, em algumas situações pode ocorrer o desenvolvimento de artrose na região com o tempo. Por isso, é super importante seguir direitinho o que seu médico orientou e ir voltando a andar aos poucos. A fisioterapia também é essencial para recuperar bem os movimentos e a força na pelve e pernas.
Se sentir dores fortes, inchaço inesperado ou dificuldade de andar, vale a pena dar um toque no ortopedista para reavaliar o quadro. A maioria das fraturas consolida entre 6 a 8 semanas, mas cada corpo responde de um jeito... então paciência e foco na recuperação :)
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