A clavícula é um osso em formato de “S” que fica na região anterior e superior do tórax. A clavícula funciona como uma escora, unindo o ombro ao tronco e permitindo que o ombro atue com força ideal.
A clavícula é dividida anatomicamente em três regiões: o terço médio (parte mais central), o terço médio (no meio da clavícula) e terço lateral (parte mais próxima ao ombro). O terço medial protege o plexo braquial (conjunto de nervos que controlam os membros superiores), os vasos subclávios e axilares (que levam sangue para os membros superiores) e a região superior do pulmão. O terço médio é o mais vulnerável a fraturas, sendo a região com menos reforço muscular e ligamentar.
As fraturas da clavícula são responsáveis por cerca de 2,6 a 12% de todas as fraturas do corpo e por cerca de 44 a 66% das fraturas na região do ombro. Já as fraturas do terço médio são responsáveis por 80% de todas as fraturas da clavícula, enquanto as fraturas dos terços medial e da lateral são responsáveis por 5 e 15%, respectivamente.
Como ocorre a fratura da clavícula? O principal mecanismo de fratura da clavícula é a queda sobre o ombro, representado a principal causa em cerca de 87% das fraturas. O impacto direto é o responsável por somente 7% e as quedas sobre a mão espalmada por 6% dos casos. Atualmente, os acidentes automobilísticos estão entre as principais causas.
Quais os sintomas? Dor, edema (inchaço), hematoma e deformidade, além de incapacidade de mobilizar o membro superior afetado. Geralmente, o paciente dá entrada no pronto-socorro sustentando o cotovelo junto ao tórax e a cabeça inclinada para o lado da fratura.
Como é feito o diagnóstico? Além da historia clínica e do exame físico, a utilização de alguns exames de imagens auxilia no diagnóstico e no planejamento da conduta terapêutica. A radiografia (RX) é o exame mais acessível e o mais utilizado para essa finalidade.
Todas as fraturas são iguais ou existe alguma mais grave do que as outras? As fraturas da clavícula diferem entre si em termos de gravidade. Dentre os principais parâmetros, 4 se destacam para dizermos quão mais grave é a fratura. São eles:
1- Fraturas expostas ou lesões associadas;
2- Localização da fratura (terço medial, terço médio e terço lateral);
3- Desvio dos fragmentos;
4- Padrão da fratura.
Como o padrão da fratura é classificado? Apesar de cada fratura ser diferente de uma pessoa para a outra, muitas apresentam padrões semelhantes. Tais padrões permitem criarmos uma classificação que orienta os médicos na condução do tratamento. Existem muitas classificações, como a de Allman, a de Robinson e a feita pelo grupo AO. Basicamente, elas dividem as fraturas de acordo com a localização, com energia/mecanismo do trauma e de acordo com o “traço” de fratura.
Como é feito o tratamento? O tratamento pode ser de duas formas: conservador (sem cirurgia) ou cirúrgico. A escolha do tipo de tratamento vai depender principalmente da gravidade e de alguns parâmetros, como os que citamos acima.
Como é feito o Tratamento Conservador? A maioria das fraturas de clavícula com pouco encurtamento (geralmente menor de que 2cm) pode ser tratada de forma conservadora, através do uso de imobilização. Os tipos mais conhecidos são a tipoia, o 8 elástico e o 8 gessado. O conforto e o alívio da dor são os principais objetivos. A tipoia gera os mesmos resultados da imobilização em 8, proporcionando mais conforto e menos problemas cutâneos. Em geral, a imobilização é utilizada por cerca de 4 a 6 semanas. Durante esse período, o movimento ativo do cotovelo, do punho e da mão deve ser estimulado.
Como é feito o Tratamento Cirúrgico? As indicações mais aceitas para o tratamento cirúrgico de fraturas agudas da clavícula são fraturas expostas, comprometimento neurovascular associado e abaulamento da pele com potencial de progressão para fratura exposta. Outras indicações são os grandes desvios e encurtamentos. As demais situações devem ser avaliadas caso a caso. Dentre as principais técnicas empregadas, estão a utilização de placas e parafusos, hastes e fios.
Quais as possíveis complicações? Infecção, Pseudartrose (“osso não cola”), deformidade residual, necrose, Artrose (também conhecido como Osteoartrite), lesão neurovascular, Trombose, embolia, dentre outras.
Após a cirurgia, em quanto tempo retorno às minhas atividades? O retorno vai depender muito da gravidade da fratura, das lesões associadas e de qual técnica de tratamento foi utilizada. Geralmente, o retorno pode variar de 3 a 6 meses. Todavia, há casos mais graves e mais complexos que necessitam de mais tempo para a reabilitação completa.
Dr. Diego Ariel
Oi, Ana :)
Pela descrição da fratura da clavícula do seu marido, parece que foi uma lesão com deslocamento significativo. O tratamento conservador com tipoia é uma abordagem comum para fraturas de clavícula, especialmente quando não há grandes desvios ou quando a expectativa de consolidação óssea é boa. No entanto, em casos de sobreposição significativa dos fragmentos, dor persistente ou dificuldade de retornar às atividades, o tratamento cirúrgico pode ser considerado, principalmente se ele é uma pessoa ativa e trabalha como socorrista, como você mencionou.
A sensação de osso “mexendo” e dor intensa mesmo com a tipoia pode ser um sinal de que o tratamento conservador talvez não esteja proporcionando a estabilidade necessária. A cirurgia pode alinhar os fragmentos ósseos, reduzir a dor e acelerar a recuperação, mas é importante pesar os riscos e benefícios com seu ortopedista, que poderá avaliar o quadro de forma mais detalhada, especialmente após analisar a radiografia.
Minha sugestão seria procurar uma segunda opinião especializada para discutir a possibilidade de cirurgia, caso isso ainda não tenha sido feito. E, claro, manter o acompanhamento regular para monitorar a evolução da fratura.
Qualquer coisa, estou às ordens!
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