O fêmur é o osso mais longo, volumoso e resistente do corpo humano. Localiza-se na coxa e está circundado pela maior massa muscular. O fêmur é anatomicamente dividido em três segmentos: Proximal (perto do quadril), Diáfise (meio da coxa) e Distal (perto do joelho).
O fêmur proximal consiste de uma cabeça em formato globular afixada a um colo rígido, relacionando-se com duas proeminências ósseas: o trocânter maior (lateralmente) e trocânter menor (posteromedialmente). Os trocânteres são sede de inserção de muitos músculos e fundamentais para a correta mobilidade do quadril. As fraturas que ocorrem nas proximidades dos trocânteres são chamadas de fraturas Transtrocanterianas, Intertrocantéreicas ou Transtrocantéricas.
As fraturas transtrocantéricas são responsáveis por aproximadamente 50% de todas as fraturas do fêmur proximal. A cada ano, são diagnosticadas aproximadamente 150.000 fraturas transtrocantéricas nos EUA. É uma fratura comum e extremamente debilitante do idoso, com grande grau de morbidade e potencial de mortalidade.
A mortalidade varia em torno de 6 a 11% no primeiro mês e de 14 a 36% no primeiro ano após a fratura.
Como ocorre a fratura Transtrocanteriana do Fêmur? As fraturas transtrocantéricas em indivíduos mais jovens geralmente resultam de uma lesão por alta energia, como acidentes automobilísticos ou quedas de grandes alturas. Nos idosos, 90% das fraturas transtrocantéricas resultam de uma simples queda. A maioria das fraturas resulta de um impacto direto sobre a área do trocânter maior.
Quem tem maior risco de fraturar Transtrocanteriana do Fêmur? Essa fratura pode ocorrer em pacientes mais jovens, contudo é muito mais frequente em pacientes mais idosos. Ocorre, na sua maioria, em mulheres na fase de menopausa e é bastante associada com Osteoporose e com histórico de fraturas prévias. A idade média de incidência de fratura transtrocanteriana do fêmur gira entre 66 e 76 anos.
Quais os sintomas? Dor, edema (inchaço), deformidade e encurtamento do membro, além de incapacidade de ficar em pé. Em muitos casos, além do encurtamento do membro, o pé se apresenta rodado para fora.
Como é feito o diagnóstico? Além da história clínica e do exame físico, a utilização de alguns exames de imagens auxilia no diagnóstico e no planejamento da conduta terapêutica. A radiografia (RX) é o exame mais acessível e o mais utilizado para essa finalidade. A tomografia é útil para uma melhor avaliação do padrão de fratura.
Todas as fraturas são iguais ou existe alguma mais grave do que outras? As fraturas transtrocantéricas dofêmur diferem entre si em termos de gravidade. Dentre os principais parâmetros, 2 se destacam para dizermos quão mais grave é a fratura. São eles:
1- Padrão da fratura;
2- Presença de Comorbidades (coexistência de transtornos ou doenças), como Osteoporose, tumor, pneumonia, diabetes, hipertensão, entre outras.
Como o padrão da fratura é classificado? Apesar de cada fratura ser diferente de uma pessoa para a outra, muitas apresentam padrões semelhantes. Tais padrões permitem criarmos uma classificação que orienta os médicos na condução do tratamento. Existem muitos sistemas de classificações, como a de Evans, Tronzo e AO. Basicamente elas dividem as fraturas de acordo com a energia/mecanismo do trauma e de acordo com o “traço” de fratura, os quais são importantes preditores da estabilidade da fratura.
Como é feito o tratamento? O tratamento pode ser de duas formas: conservador (sem cirurgia) ou cirúrgico. A escolha do tipo de tratamento vai depender principalmente da gravidade e de alguns parâmetros, como os que citamos acima. Contudo, são poucas as situações nas quais o tratamento sem cirurgia é indicado.
Como é feito o Tratamento Conservador? O tratamento conservador é considerado tratamento de exceção. Geralmente é limitado a pacientes com alguma comorbidade muito grave que os impeça de se submeterem à cirurgia. Outras possíveis indicações são em pacientes com demência e em pacientes que já eram acamados. O tratamento conservador depende muito da cooperação do paciente e consiste basicamente no repouso e, em alguns casos, no uso de imobilizações. Ressaltamos novamente que só em casos de exceção o tratamento conservador é indicado, pois as taxas de mortalidade nos primeiros 30 dias podem ser 2,5 vezes maiores do que nos pacientes que se submeteram à cirurgia.
Como é feito o Tratamento Cirúrgico? Na imensa maioria dos casos, o tratamento é cirúrgico. A técnica a ser utilizada vai depender dos parâmetros de gravidades que já discutimos. Dentre as principais técnicas empregadas, está a utilização de placas, parafuso deslizante de quadril e hastes.
Quais as possíveis complicações? Infecção, Pseudartrose (“osso não cola”), perda da fixação, deformidade residual, necrose da cabeça do fêmur, Artrose (também conhecido como Osteoartrite), lesão neurovascular, Trombose, embolia, dentre outras.
Após a cirurgia, em quanto tempo retorno às minhas atividades? O retorno vai depender muito da gravidade da fratura, das lesões associadas e de qual técnica de tratamento foi utilizada. Logo após a cirurgia, é orientada a mobilização precoce, com carga conforme o tolerado pelo paciente. Geralmente o retorno pode variar de 6 meses a 1 ano. Todavia, há casos mais graves e mais complexos que necessitam de mais tempo para a reabilitação completa.
Dr. Diego Ariel
Oi, Edvaldo! Primeiramente, que bom que já tá dando uns passos! :)
Olha, a dor na canela pode ser sim normal em um processo de recuperação, especialmente se você mudou a forma de caminhar para compensar a fratura no fêmur. Isso pode acabar sobrecarregando músculos da perna, como os tibiais, e até causar algum inchaço na região. Outra possibilidade é o edema residual – em fraturas, o corpo pode demorar meses para estabilizar totalmente o fluxo venoso, o que contribui para esse inchaço e dor.
O mais importante agora é acompanhar a evolução. Se o seu médico já deu alta, é sinal de que a fratura está consolidando bem, mas talvez seria interessante considerar algumas sessões de fisioterapia. Ela ajuda a corrigir a marcha e fortalecer os músculos, aliviando essas dores na perna.
Por via das dúvidas, fique de olho em sinais como dor muito forte, aumento do inchaço ou vermelhidão, pois isso poderia indicar algo mais sério, como uma trombose (embora seja raro, é sempre bom checar). Se não melhorar, vale retornar ao seu ortopedista pra reavaliar direitinho.
Vai dar certo, Edvaldo! Boa recuperação e qualquer coisa, estamos por aqui :)
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